O mercador de Marseille
Alguém bateu firmemente a porta da casa amarela naquela manhã de outubro. Justine abriu. Seus pais não permitiam que isto acontecesse mas naquela manhã foi necessário. A mãe estava com uma febre muito alta e o pai tentava com panos úmidos reduzir sua temperatura.
A moça de quatorze anos tocou levemente a fechadura, abrindo a porta com delicadeza. Seu pai esperava o mercador de Marseille. Havia encomendado tecidos diversos que eram pedidos de sua clientela.
A moça abaixou os olhos. O mercador perguntou por seu pai. A mão de Justine permaneceu colada à porta. Parecia não respirar nem mesmo ouvir. Com delicadeza o rapaz ergueu sua mão e tocou o rosto da menina. Os olhos de Justine encontraram o mercador. Viajaram nos olhos um do outro até que a moça decidiu chamar seu pai. O pai entrou na sala e com um sinal pediu que a moça se retirasse. Justine foi para o quarto acompanhar a mãe.
Era muito jovem o mercador, parecia não ter mais de vinte anos. Assumira o lugar do pai, falecido a pouco, nos negócios da família. Tinha uma pele morena e cabelos ondulados, olhos esverdeados iluminavam seu rosto. Uma mistura do pai francês com a mãe iorubá.
_ Trouxe minha encomenda?
_ Estão aqui.
_ Agradeço e sinto muito pela perda de seu pai.
_ Desejo casar-me com a moça que esteve nesta sala.
A ira dominou o rosto do comprador. Em um surto de raiva colocou o rapaz para fora de sua casa mas ao fechar a porta ouviu os dizeres:
_ Amanhã voltarei para ter sua resposta.
O pai pisou no quarto com o semblante tenso pelo que acabara de ouvir. A mãe, deitada em sua cama, parecia não melhorar. O pai olhou para Justine e ordenou que saísse dali. A menina foi.
A febre da mãe aumentava e por alguns momentos ela abria os olhos e balbuciava algumas palavras sem sentido. Em um de seus delírios pediu ao marido que casasse Justine. Respirou com dificuldade mais algumas vezes. Não respirou mais.
O pai chamou Justine e sem qualquer expressão no rosto, diante do corpo de sua esposa, declarou:
_ Casará-se com o mercador de Marseille.
_ Trouxe minha encomenda?
_ Estão aqui.
_ Agradeço e sinto muito pela perda de seu pai.
_ Desejo casar-me com a moça que esteve nesta sala.
A ira dominou o rosto do comprador. Em um surto de raiva colocou o rapaz para fora de sua casa mas ao fechar a porta ouviu os dizeres:
_ Amanhã voltarei para ter sua resposta.
O pai pisou no quarto com o semblante tenso pelo que acabara de ouvir. A mãe, deitada em sua cama, parecia não melhorar. O pai olhou para Justine e ordenou que saísse dali. A menina foi.
A febre da mãe aumentava e por alguns momentos ela abria os olhos e balbuciava algumas palavras sem sentido. Em um de seus delírios pediu ao marido que casasse Justine. Respirou com dificuldade mais algumas vezes. Não respirou mais.
O pai chamou Justine e sem qualquer expressão no rosto, diante do corpo de sua esposa, declarou:
_ Casará-se com o mercador de Marseille.
Nenhum comentário:
Postar um comentário